Ela corria pelo meio da rua entre os carros rindo feliz e eu corria atrás e gritava "segurem minha filha, por favor", mas ninguém ouvia e os carros passavam desviando dela e de mim. Ninguém parava, ninguém ajudava e eu continuava gritando desesperada. Laura não tinha consciência do risco de vida e continuava sua corrida por entre os carros esperando que eu a alcançasse. Corria e olhava pra traz medindo a distância entre nós com o olhar. Eu com meu metro e meio, ela com um metro e sessenta e cinco, jamais a alcançaria. Com o vigor de quem possui apenas dez anos e a inconsciência de quem tem autismo, corria de frente para os carros que vinham em nossa direção. De repente, ela parou e virou rindo despreocupadamente e então pude alcança-la e chorando de susto e de alívio, trouxe-a novamente para a calçada. Não. Não estou contando um sonho ou pesadelo. Isto aconteceu. E é pior que um pesadelo porque não existe a parte em que a gente acorda e vê que está segura em sua cama. Eu não acordei. Voltamos para casa e meu coração batia feito louco mesmo depois de ter entrado em casa. Apesar dos anos que ja passaram eu não tenho coragem de sair sozinha com ela. Tenho medo. Hoje ela tem um metro e setenta e cinco de altura e eu continuo com meu metro e meio! Não julgue nossa vida, minha e da Laura, não nos ponha nos seus argumentos vazios porque somente quem passou por algo parecido vai nos compreender e absolver! Lu Ar
Enviado por Lu Ar em 14/04/2019
Alterado em 11/05/2019 |