Como é ser mãe de autista

Alguém já me perguntou como é ser mãe de autista. Eu respondi o que na época me pareceu uma resposta plausível. Mas o tempo passou e mudou todas as respostas. Mudou a minha também.
Como nenhum autista é igual, assim como um neurotípico também não é, vou falar apenas da minha perspectiva de mãe da Laura.
A Laura prefere estar só. Ela não gosta quando está escutando suas músicas que haja interferências. Isto não quer dizer que não goste das pessoas! Ela gosta e muito! Gosta de estar junto por momentos apenas. Estar junto por cinco ou dez minutos já é suficiente para ela. Eu, ao contrário. Gosto de ficar sozinha por momentos, mas amo estar com alguém e conversar e falar muito e o tempo todo!
Ser mãe de autista é viver uma eterna dicotomia. É estar só e acompanhada ao mesmo tempo. Compreender tudo e não entender nada. Aprender o tempo todo com a sensação de que não sabe nada! Estar confiante num momento e confusa no momento seguinte! A Laura é sempre um mistério.
É com certeza uma vida onde a música tem seu papel principal e onde a Laura se sente confortável. E eu me sinto em relação ao que a música representa pra ela, como um náufrago agarrado à única tábua!
Hoje, eu responderia que conviver com a Laura é viver uma vida onde tudo é incerto. É como um sonho do qual eu gostaria de acordar e dizer: "Meu Deus, sonhei que tinha perdido a Laura dentro dela mesmo"!
É como me sinto às vezes!
Talvez amanhã eu esteja no meu momento de certezas!