A Laura estava com cinco anos. Vinhamos de mãos dadas pela calçada da rua Dr. Nascimento cada uma com seus pensamentos. Vi alguns metros à frente uma garota adolescente encostada na parede. Estava comendo um chocolate, mas eu não visualizei no momento. Vi somente quando estava passando ao lado dela. Vi e um segundo depois nao vi mais porque a Laura com a mão esquerda pegou o chocolate da mão da moça tão rápido quando pode e o colocou na boca. Para estas coisas Laura tem a velocidade da luz! Gritei inutilmente: "Laura, não!" Olhei pra moça que segurava o papelzinho agora vazio, tão surpresa quanto eu. Pedi desculpas constrangida e ela abanou a cabeça como a dizer "deixa pra lá". E eu segui agora muito ligada explicando pra Laura que ela não podia fazer aquilo. O chocolate já estava no esôfago.
Foi uma situação inusitada. Porém situações inusitadas viram rotina na nossa vida de convivência com autistas!