Lu Ar

Sentimentos e poesias

Textos


Eu e Laura, minha filha autista.

Eu sou dona do meu nariz só nos fins de semana e às vezes nem isto. A dona do meu tempo, do meu destino e da minha vida é a Laura. De forma alguma é uma queixa. Fazer a Laura feliz me dá muito prazer e uma sensaçao de utilidade que nunca antes havia sentido.
Ser mãe dos dois meninos foi muito natural. Foram filhos maravilhosos. Tudo fluiu muito mágico e sem nenhum mérito ou esforço de minha parte. Eu costumava brincar que tinha filhos quase perfeitos!
Com a Laura é uma luta diária de emoções e controle até mesmo da minha própria sanidade mental. Uma dura lição todo dia. Ou aprendo, ou o sofrimento dobra. É uma escolha: ou luto e aprendo a ser feliz a cada pequena vitoria, ou fico chorando num canto uma eterna derrota! Eu escolho ser feliz e sou!
Já me disseram que sou forte. Mas sou mesmo é muito chorona. Tenho dentro de mim algo muito sensivel como um dente que dói ao entrar em contato com gelo. Algo em mim dolorido que se refere à Laura e que se tocar me faz chorar copiosamente.
Não é por ter o cuidado com ela. Nunca! É um inconformismo por ter o autismo tirado dela toda uma vida de oportunidades e alegrias incluindo o amor de um namorado. Quando vejo jovens rindo e conversando, saindo da escola ou da universidade, meu coração se contrai de dor. Ela deveria estar ali, vivendo tudo que as jovens da idade dela vivenciavam.
Sou orgulhosa de mim e da Laura. Porque ela também luta todo o dia pra dominar tudo que desconhece. Pra Laura todos os dias tudo é novo. Até uma xícara! Porém como disse um amigo: o que é uma prosaica xícara diante de todo um universo de aprendizagens?
Lu Ar
Enviado por Lu Ar em 08/06/2018
Alterado em 29/11/2018


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